O ônibus

 


(Leia isso ao som de Night Bus - Gabrielle Aplin )



Na saída do trabalho, entrei no 736 de todos os dias e me deparei com alguém muito parecido com você e pude jurar que havia te reencontrado novamente, não o seu eu do presente, mas sim, o seu eu do passado.

Eu fui levada a acreditar que era você sentado ali, bem de frente pra mim. A caminhada no corredor vazio me levou a olhar para o rosto e encontrar um olhar que me pareceu amigável, o corte de cabelo idêntico como era 4 anos atrás e que o corpo e mãos eram as mesmas que me tocaram secretamente sem que ninguém soubesse... Mas o rosto por trás daquela mascara não era o seu. E eu sabia disso. 

Por uma questão de minutos sentada ao lado daquele corpo, eu quis imaginar que seria você ali. Durante todo o percurso até a minha parada, eu viajei no passado e te vi sendo feliz, eu vi nós dois sendo felizes, mas sem perspectiva nenhuma de um futuro. Foi um eterno momentâneo de prazeres.

Sempre acreditei que poderíamos ter dado certo se você tivesse me amado de verdade, se você se esforçasse um pouco mais por nós dois, até entender que você não poderia nunca ter feito isso quando sabia o que viria em nossa vida. O trânsito ficou congestionado igual as nossas certezas passadas, ficou lento igual as nossas decisões sobre um amor irreal…

Na saída do trabalho do dia 13 em que vi o seu eu do passado, faríamos mais um ano juntos e aquilo me atingiu com um sorriso nos lábios, eu sabia que guardar as melhores lembranças que eu tinha de você, valeriam a pena.

Entrei no 736, o mesmo ônibus que te levava para casa e naquela noite, eu olhei para o  passado e lembrei que nunca havíamos pegado esse ônibus juntos. O nosso amor sempre esteve e pertenceu a rotas diferentes.

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